“Quando a ciência se pronuncia não há mais nada a fazer senão calar."
Título: Viagem ao Centro da Terra
Autor: Júlio Verne
Título Original: Voyage au Centre de la Terre
Tradução: Abílio Costa Coelho
Editora: Martin Claret
2011
Falar sobre clássicos é
uma tarefa árdua e arriscada, já que sempre haverá a possibilidade de o
interlocutor estar falando bobagens. O fato é que ao decorrer dos anos, a visão
que paira nessas obras muda, e a premissa reflexiva é interpretada de maneira
alternativa, impactando no valor sentimental que a obra adquiriu durante todo
esse tempo.
Em Viagem ao Centro da Terra, magnum opus de Júlio Verne, somos convidados a participar dessa excursão com Axel e seu tio Otto Lidenbrock. Tudo começa quando Otto decifra um enigma que promete levar o leitor ao centro da Terra.
“Desce na cratera de Yocul de Sneffels que a
sombra do Scartaris vem acariciar antes das calendas de julho, viajante
audacioso, e chegarás ao centro da Terra. O que eu fiz. Arne Saknussemm.”
O problema é que o
professor Lidenbrock é uma figura extremamente ambiciosa e teimosa.
“Não! O meu tio não pode saber disso! Só
faltava que ele tivesse conhecimento tal viagem! Quereria fazê-la também. Nada
conseguiria detê-lo.”
Decididos então, tio e
sobrinho partem para a Islândia, para aventurarem-se nessa viagem. Tal premissa
soa perfeitamente empolgante para qualquer leitor buscando uma trama mais
empolgante, e de fato é até certa parte. A questão é que no decorrer da
história, temos uma linha de partida rápida, uma viagem demasiada longa – o que
realmente deveria ser – mas ao finalmente atingirmos o centro da Terra, não sou
convencido de que a viagem valeu a pena.
Na realidade, o leitor se sente enganado ao
descobrir o que há no fim da linha, e tem a impressão de que limitaram Verne a
um número de páginas quando ele escrevera, já que o conteúdo desse universo
fantástico não é explorado como promete ser. As questões científicas, por outro
lado, são explícitas, e de uma forma ou de outra, torna a leitura cansativa com
todos os nomes científicos desnecessários.
“A ciência, meu rapaz, é feita de erros, mas de
erros que é bom conceder, pois conduzem à verdade.”