“Se
existe algo como sombra coloridas, era o que refletia a lâmina da faca sutil.”
Título: A Faca Sutil
Autor: Philip Pullman
Título Original: The Subtle Knife
Tradução: Eliana Sabino
Série: Fronteiras do Universo
Editora: Objetiva
Série: Fronteiras do Universo
Editora: Objetiva
2013
Em A Bússola de Ouro,
somos introduzidos no universo fantástico de Philip Pullman. O autor nos
apresenta à Lyra e Pan, ao aletiômetro, à Sra. Coulter, aos dimons e muito
mais; e desde então, o leitor é preso pela curiosidade acerca dos mistérios do
pó – o que me leva a crer que os leitores mais ansiosos por respostas não
ficarão tão satisfeitos ao lerem A Faca Sutil. Neste segundo volume,
Lyra já não é o centro das atenções. A garota continua sim desempenhando um
papel importante na história, mas desta vez os holofotes estão em William
Parry. Essa mecânica funciona no sentido de retirar a carga presencial de Lyra,
pois em A Bússola de Ouro, a necessidade de tudo ter que acontecer envolvendo a
garota, irrita em certos pontos. Will tem doze anos e vive com a mãe com
problemas mentais, em Oxford. O garoto, que nunca conhecera o pai, percebe que
as alucinações da mãe na verdade são acontecimentos reais, e que corre um
grande perigo. Decidido a buscar tanto resposta quanto segurança, Will sai de
casa e acaba encontrando uma janela para outro mundo. Ele conhece Lyra nessa
cidade fantasmagórica chamada Cittagàzze.
Neste volume, a criatividade de Pullman é
muito bem explorada. Ficamos a par de uma diversidade fictícia enorme. O autor
nos mostra sua habilidade de mesclar o mundo fictício e o mundo real.
“— Oxford? — exclamou ela. — É de onde eu vim!
— Então no seu mundo também existe uma Oxford?
Você não veio do meu mundo.
— Não mesmo — disse ela. — São mundos
diferentes. Mas no meu mundo existe uma Oxford também. Nós dois estamos falando
inglês, não estamos? É óbvio que outras coisas são iguais. Como foi que você
passou? Existe uma ponte, ou o quê?”
E é este o objeto fantástico que permeia neste volume. Essas “janelas” entre mundos, não são feitas sozinhas, mas sim com a Faca Sutil. E, assim como o aletiômetro, a faca precisa de um portador, que por sinal não é ninguém menos que o nosso protagonista.
“— Escuta — disse. — Não me interrompa. Se você é o portador da faca, tem uma missão maior do que pode imaginar. Um menino... Como é que eles deixaram isso acontecer? Bem, já que tem que ser... Vem aí uma guerra, garoto. A maior que já existiu. Já aconteceu uma coisa parecida, e desta vez o lado certo tem que vencer... Durante todos os milhares de anos da história humana, só tivemos mentiras, propaganda, crueldade e hipocrisia. Está na hora de começarmos de novo, mas desta vez da maneira certa...”
Além de toda a aventura que se segue ao longo da trama, Pullman volta novamente à questão do Pó. Não que sejam esclarecidas todas as dúvidas, mas começamos a caminhar para uma possível resposta pra todo esse mistério.
“— Como assim? Preciso saber disso, Carlo — disse a mulher, e Will sentia sua apaixonada impaciência. — Isto está no centro de tudo, essa diferença entre crianças e adultos! É onde está guardado todo o mistério do Pó!”
E não obstante, o autor nos segreda um possível confronto entre a Igreja e a Ciência.