quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Corações de Neve - Raphael Draccon

“Se um ser humano vive da violência, também será essa a única forma pela qual saberá se comunicar”




Título: Corações de Neve

Autor: Raphael Draccon

Série: Dragões de Éter


Editora: Leya

2010






      A narrativa do segundo volume da trilogia Dragões de Éter se inicia imediatamente após o término do primeiro, e sem dúvida o acontecimento mais marcante da história deste volume é a coroação de Anísio Branford, que assume o reinado em Arzallum devido à morte do pai.

“— É possível morrer através do pranto, sábio tio?
— Não. Mas é possível através da dor que vem com ele”

      O pano de fundo desta vez, não é o envolvimento com bruxaria, mas sim o Punho de Ferro, um torneio de pugilismo que reunirá competidores de todos os cantos do mundo. Junto com o torneio, o autor – além de desenvolver questões políticas e rivalidades – nos mostra a diversidade cultural e social de seu universo fictício. Temos um envolvimento das terras orientais, com seus gênios e magias – realidade distante até mesmo para os próprios personagens – que prometem uma revolução.

“— Para trazer a Arzallum a evolução que prometes e para fazê-lo sob os termos de trazê-la até aqui primeiro do que aos outros, imagino que cobres um preço alto, não, senhor Rumpelstichen?”

      Há também a aparição de um protestante famoso, cujos ideais são abraçados por grande parte da população, e que desencadeará um papel importante no enredo.

“— A nossa utopia.
—Sherwood. Você quer libertar Sherwood!”

      Não é segredo que criar uma história fictícia é tarefa árdua, e arrisco em dizer que recontar uma história já criada é ainda mais complicado. Sim, é divertido reconhecer as referências que o autor nos propõe ao longo da narrativa, mas mexer com histórias que estamos tão familiarizados é arriscado demais.
      No volume anterior percebi que o autor pecou em algumas escolhas para o fluxo que o enredo estava tomando, e neste volume, para minha insatisfação, não foi diferente. Devo dizer que, em perspectiva com os contos originais, a versão de Draccon apresenta acontecimentos chocantes e nem um pouco verossímeis. É verdade que a narrativa contemporânea e flexível facilita a compreensão do leitor, mas em comparação com outras leituras, ela carece de ritmo.
      De fato eu já havia percebido esses aspectos na escrita do autor, mas isso não me incomodara ao longo da leitura do primeiro volume devido ao enredo cativante e envolvedor. Por vez, em Corações de Neve – como o nome sugere --, a narrativa é tomada por um sentimentalismo exagerado e piegas, resultando em situações que, mesmo para um conto de fada, clichê e previsível. Somado a esses fatores, há inúmeros diálogos pobres, a criação de algumas personagens não agrada, os acontecimentos não surpreendem...

“Existem poucas, bem poucas coisas pelas quais vale a pena viver e morrer. O amor é uma delas”


      Dentro do possível, Raphael Draccon nos mostra uma gama infinita de referências à cultura pop e versões alternativas aos originais contos de fada, mas a bem da verdade, Corações de Neve colocou Dragões de Éter em uma montanha russa de decepções que só crescem.

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