“Se um ser humano vive da violência, também será essa a única
forma pela qual saberá se comunicar”
Título: Corações de Neve
Autor: Raphael Draccon
Série: Dragões de Éter
Editora: Leya
Editora: Leya
2010
A narrativa do
segundo volume da trilogia Dragões de Éter se inicia imediatamente após o
término do primeiro, e sem dúvida o acontecimento mais marcante da história
deste volume é a coroação de Anísio Branford, que assume o reinado em Arzallum
devido à morte do pai.
“— É possível
morrer através do pranto, sábio tio?
— Não. Mas é
possível através da dor que vem com ele”
O pano de fundo
desta vez, não é o envolvimento com bruxaria, mas sim o Punho de Ferro, um
torneio de pugilismo que reunirá competidores de todos os cantos do mundo.
Junto com o torneio, o autor – além de desenvolver questões políticas e
rivalidades – nos mostra a diversidade cultural e social de seu universo
fictício. Temos um envolvimento das terras orientais, com seus gênios e magias
– realidade distante até mesmo para os próprios personagens – que prometem uma
revolução.
“— Para trazer a
Arzallum a evolução que prometes e para fazê-lo sob os termos de trazê-la até
aqui primeiro do que aos outros, imagino que cobres um preço alto, não, senhor
Rumpelstichen?”
Há também a
aparição de um protestante famoso, cujos ideais são abraçados por grande parte
da população, e que desencadeará um papel importante no enredo.
“— A nossa utopia.
—Sherwood. Você
quer libertar Sherwood!”
Não é segredo que
criar uma história fictícia é tarefa árdua, e arrisco em dizer que recontar uma
história já criada é ainda mais complicado. Sim, é divertido reconhecer as
referências que o autor nos propõe ao longo da narrativa, mas mexer com
histórias que estamos tão familiarizados é arriscado demais.
No volume anterior percebi que o autor pecou em algumas escolhas para o
fluxo que o enredo estava tomando, e neste volume, para minha insatisfação, não
foi diferente. Devo dizer que, em perspectiva com os contos originais, a versão
de Draccon apresenta acontecimentos chocantes e nem um pouco verossímeis. É
verdade que a narrativa contemporânea e flexível facilita a compreensão do
leitor, mas em comparação com outras leituras, ela carece de ritmo.
De fato eu já havia percebido esses aspectos na escrita do autor, mas
isso não me incomodara ao longo da leitura do primeiro volume devido ao enredo
cativante e envolvedor. Por vez, em Corações de Neve – como o nome sugere --, a
narrativa é tomada por um sentimentalismo exagerado e piegas, resultando em
situações que, mesmo para um conto de fada, clichê e previsível. Somado a esses
fatores, há inúmeros diálogos pobres, a criação de algumas personagens não
agrada, os acontecimentos não surpreendem...
“Existem poucas,
bem poucas coisas pelas quais vale a pena viver e morrer. O amor é uma delas”
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