“Qualquer derrota que se adia em vez de ser impedida
adquire toda a inevitabilidade que lhe é concedida”
Título: Dupla Falta
Autor: Lionel Shriver
Título Original: Double Fault
Tradução: Débora Landsberg
Editora: Intrínseca
Editora: Intrínseca
2011
A ambição é um valor catastroficamente importante nas vidas das pessoas e foi esse o ponto que Shriver decidiu explorar em Dupla Falta.
Nessa obra
adentramos na vida de Willy Novinsky, uma mulher que dedicou todo o tempo de
sua vida ao tênis. Para Willy, o tênis a completa. Parte disso muda quando ela
conhece Eric Oberdorf, que por sinal também é um tenista – mesmo que com uma
habilidade inferior à nossa protagonista. (Ou devo dizer antagonista?).
“A gente nunca se dá conta de que
está sendo ‘competitivo’ quando se está vencendo”
Willy vê o aparecimento de Eric como
uma dádiva. O que mais ela desejaria se não um marido que a amasse – e amasse o
tênis? Entretanto, o ramo da história começa a se deteriorar quando Eric
apresenta um desempenho significativo no tênis e é a partir deste ponto que
Willy percebe que talvez, casar-se com um tenista não fora uma boa escolha, já
que para uma mulher tão competitiva como ela, a posição no ranking tem maior
importância que um encontro com Eric.
“– Não existe nenhum tenista na face
da terra que não seja sensível no que diz respeito a esse número. Seria a mesma
coisa que perguntar no nosso primeiro encontro quanto eu ganhou, ou se tenho
AIDS.”
A competição entre os dois se
intensifica e fica acirrada a cada página. Willy precisa decidir entre o tênis
e seu casamento, mas como ela mesma disse, Willy é o tênis, enquanto Eric é
apenas bom nisto.
“Quem está na liderança é
naturalmente conservador e paranoico”
A autora tem uma habilidade
fascinante de explorar as questões que a maioria muitas vezes prefere não
considerar, criando personagens icônicos e muito bem construídos, como em
“Precisamos Falar Sobre o Kevin”. Shriver consegue moldar tão bem a narrativa à
sua vontade, que é possível amar e detestar seus personagens.
Temos um aprofundamento rápido sobre o tênis, conhecendo um pouco a
respeito desse esporte.
A escrita de
Shriver é filosófica e muito bem trabalhada. Os parágrafos são tão bem
escritos, que muitas vezes queremos lê-los inúmeras vezes. Ela consegue
promover a reflexão e nos obriga a pensar, muitas vezes mudando nossa visão
ética. Não acho que esse
seja o melhor trabalho dela, já que “Precisamos Falar Sobre o Kevin” foi
esplêndido. Não que o livro seja ruim, mas se observado da perspectiva de
comparação com “Precisamos Falar Sobre o Kevin” não há Willy Novinsky perto de
Eva Katchadorian.
“Simpatize com o adversário e, antes
que você perceba, ele estará com pena de você”
Ah, Lionel Shriver! Sempre brincando com a cabeça do leitor...
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