terça-feira, 26 de agosto de 2014

Dupla Falta - Lionel Shriver

“Qualquer derrota que se adia em vez de ser impedida adquire toda a inevitabilidade que lhe é concedida”



Título: Dupla Falta

Autor: Lionel Shriver

Título Original: Double Fault

Tradução: Débora Landsberg

Editora: Intrínseca

2011







      A ambição é um valor catastroficamente importante nas vidas das pessoas e foi esse o ponto que Shriver decidiu explorar em Dupla Falta.
      Nessa obra adentramos na vida de Willy Novinsky, uma mulher que dedicou todo o tempo de sua vida ao tênis. Para Willy, o tênis a completa. Parte disso muda quando ela conhece Eric Oberdorf, que por sinal também é um tenista – mesmo que com uma habilidade inferior à nossa protagonista. (Ou devo dizer antagonista?).

“A gente nunca se dá conta de que está sendo ‘competitivo’ quando se está vencendo”

Willy vê o aparecimento de Eric como uma dádiva. O que mais ela desejaria se não um marido que a amasse – e amasse o tênis? Entretanto, o ramo da história começa a se deteriorar quando Eric apresenta um desempenho significativo no tênis e é a partir deste ponto que Willy percebe que talvez, casar-se com um tenista não fora uma boa escolha, já que para uma mulher tão competitiva como ela, a posição no ranking tem maior importância que um encontro com Eric.

“– Não existe nenhum tenista na face da terra que não seja sensível no que diz respeito a esse número. Seria a mesma coisa que perguntar no nosso primeiro encontro quanto eu ganhou, ou se tenho AIDS.”

A competição entre os dois se intensifica e fica acirrada a cada página. Willy precisa decidir entre o tênis e seu casamento, mas como ela mesma disse, Willy é o tênis, enquanto Eric é apenas bom nisto.

“Quem está na liderança é naturalmente conservador e paranoico”

      A autora tem uma habilidade fascinante de explorar as questões que a maioria muitas vezes prefere não considerar, criando personagens icônicos e muito bem construídos, como em “Precisamos Falar Sobre o Kevin”. Shriver consegue moldar tão bem a narrativa à sua vontade, que é possível amar e detestar seus personagens.       Temos um aprofundamento rápido sobre o tênis, conhecendo um pouco a respeito desse esporte.
      A escrita de Shriver é filosófica e muito bem trabalhada. Os parágrafos são tão bem escritos, que muitas vezes queremos lê-los inúmeras vezes. Ela consegue promover a reflexão e nos obriga a pensar, muitas vezes mudando nossa visão ética.  Não acho que esse seja o melhor trabalho dela, já que “Precisamos Falar Sobre o Kevin” foi esplêndido. Não que o livro seja ruim, mas se observado da perspectiva de comparação com “Precisamos Falar Sobre o Kevin” não há Willy Novinsky perto de Eva Katchadorian.

“Simpatize com o adversário e, antes que você perceba, ele estará com pena de você



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